COMUNIDADE SANTA MARIA
Bairro "Estação"
No século passado o tempo não corria. Deslizava mansamente sobre trilhos das estradas de ferro. Aí, cabeças de homens que comandavam o país decidiram ser necessário voar nos ares e correr no chão. Trem é lento. Fabriquemos muitos veículos automotores para que corram e façam dinheiro render mais depressa... Em pouco tempo, trilhos sumiram, restou chão pedrento. Mas nem tudo se perdeu porque vastas extensões de terra abandonada pelas ferrovias serviram para abrigar construções de casas...
Assim aconteceu em Liberdade. Com o fechamento da ferrovia, o Município negociou com a Rede Ferroviária o leito de linha e sobre ele mandou fazer moradias populares, com apoio dos programas governamentais de construção de casa para todos. Aproveitou-se o espaço onde existiram acomodações destinadas a operários da estrada de ferro, chamadas “casa da turma”, e de ambos os lados ergueram habitações do tipo popular, entregando-se-as a famílias que não tinham casa própria.
Isto aconteceu entre 1987/1989. Deu-se àquele conjunto habitacional de sessenta casas o nome de “Santa Maria” em homenagem a antigo time de futebol e a colégio que existiram na cidade, capitaneados por prof. Anésio Nogueira de Carvalho, batalhador da educação e expoente da cultura da época.
Acomodados os moradores em seus novos lares, vizinhos à vistosa “Villa Maria” (1929) e à teimosa fábrica de laticínios de tantos nomes que ficaram no tempo, cuidaram de, pouco a pouco, tornarem as casas mais confortáveis, bonitas e aconchegantes. Setenta e nove famílias moram, em 2015, naquela área da antiga estação...
O leitor deve estar perguntando: o informativo “Vinde & Vede” é paroquial e traz matérias sobre igreja; por que se alongar em história de estrada de ferro?! Resposta: por que a comunidade tão ligada está ao passado que é conhecida como “bairro da Estação”... Mas, está bem; escrevamos sobre “comunidade/área missionária Santa Maria”...
Quando os primeiros moradores chegaram, outra alternativa não tinham senão participar das atividades religiosas em suas próprias igrejas, católicas ou evangélicas... Entretanto, mais ou menos cinco anos antes os católicos haviam celebrado Santas Missões cujos missionários orientam os párocos a dividirem suas paróquias em comunidades (quando há capela) ou em áreas ou setores missionários (onde não há capela) para facilitar o processo de evangelização e de vida como comunidade de irmãos. Assim, os moradores católicos decidiram conservar o mesmo nome do bairro e adotaram para si o nome de “Comunidade Santa Maria”, apesar de não possuírem capela; isto não os impede de serem cristão firmes na fé, fortes na esperança e mansos na caridade. Nas próprias casas, se reúnem para a partilha da Palavra e do Pão, para a santa liturgia da Missa, para reza de terços e novenas. Sobretudo, para viverem fraternidade e a concórdia que Jesus deseja.
Texto: José Cunha de Campos