COMUNIDADE SÃO BENEDITO
“Hospital”
Trinta casas na quietude onde outrora foi estrada de terra batida por onde pulsava a vida de Liberdade, em direção a Caxambu, quando não se sonhava com rodovia federal asfaltada para Juiz de Fora. Passagem obrigatória dos trabalhadores que buscavam na Cia de Nickel o sustento e sonhos de futuro bom para os filhos. Caminho da volta ao lar dos valentes lutadores encharcados de suor que molhava a terra na esperança de, no dia seguinte, a tirada de minério ser melhor.
Lugar que teve um passado com ares de mistério. De um lado, o “Alto do Maracujá” demarcando divisa da cidade com padiolas amedrontadoras sinalizando que por ali alguém passou inerte, para não mais voltar ... Do outro lado, o tronco do ancestral “Chorão” que de tão velho já não chora... “Maracujá” perdeu o nome e “Chorão” também pois os passantes não lhe dão bola e já não dá ele sombra aos cavaleiros porque armazém não mais existe em sua sombra... Na “rua” de baixo, locomotivas não mais apitam porque trilhos lhes foram arrancados. O “ferreiro” partiu há muito tempo e sua forja herdeiros rejeitaram. O pequeno bairro se acostumou ao silêncio e à ruas sem asfalto e vai fazendo de conta que a vida melhorou...
No coração do bairro, no ano 1989, nasceu um hospital e foi abençoado para ser mensageiro da esperança e da busca da saúde e da preservação da vida!...
Beirando o ano 1990, a Paróquia de Liberdade decidiu agrupar seus fiéis por região para melhor atendimento pastoral e mais vivência da fraternidade que os evangelhos ensinam. Os moradores dali escolheram para ser seu padroeiro o valoroso e humilde “SÃO BENEDITO”, representado em imagens de cozinheiro do qual a tradição guarda muitas narrativas de fatos miraculosos acontecidos quando o frade Benedito cuidava da cozinha, no convento.
Embora não tenham capela própria para a prática de suas atividades religiosas, os moradores se consideram unidos às outras comunidades para, juntas, formarem a paróquia, a Igreja viva na terra. Comparecem aos atos litúrgicos que acontecem no Santuário ou em outras comunidades mas não abandonam o cuidado com as atividades que cabem à comunidade/área missionária “São Benedito”. Celebram a Palavra e a Eucaristia em suas casas; fazem novena de Natal em família e têm gosto de promover no bairro a “Caminhada Penitencial” da quaresma, percorrendo com o Sacerdote as estações da “Via Sacra” nas 14 casas escolhidas pelos próprios moradores. Todos tem consciência de que seus componentes são poucos; mas sabem de cor a observação bíblica traduzida para linguagem de hoje: onde duas ou três pessoas estiverem reunidas em oração, Jesus está junto!... Sabem, também, que quando Ele é o pastor, nada falta ao povo fiel!! E mais: é de Deus-Pai o reino, o poder e a glória, para sempre!
Texto: José Cunha de Campos