COMUNIDADE SÃO BENEDITO

11/11/2015 13:52

“Hospital”

    Trinta casas na quietude onde outrora foi estrada de terra batida por onde pulsava a vida de Liberdade, em direção a Caxambu, quando não se sonhava com rodovia federal asfaltada para Juiz de Fora. Passagem obrigatória dos trabalhadores que buscavam na Cia de Nickel o sustento  e sonhos  de futuro bom para os filhos.  Caminho da volta ao lar  dos valentes lutadores  encharcados de suor que molhava a terra  na esperança de,  no dia seguinte,   a tirada de minério  ser melhor.
    Lugar que teve um passado com ares de mistério. De um lado, o “Alto do Maracujá”  demarcando divisa da cidade com  padiolas amedrontadoras sinalizando que por ali alguém passou inerte, para não mais voltar ... Do outro lado, o tronco do ancestral  “Chorão” que de tão velho já não chora... “Maracujá” perdeu o nome e “Chorão” também pois os passantes não lhe dão bola e já  não dá  ele sombra aos cavaleiros porque armazém não mais existe em sua sombra... Na “rua” de baixo, locomotivas  não mais apitam porque trilhos lhes foram arrancados. O “ferreiro” partiu há muito tempo e sua forja herdeiros rejeitaram. O pequeno bairro se acostumou ao silêncio e à ruas sem asfalto e vai fazendo  de conta que a vida melhorou...
    No coração do bairro, no ano 1989,  nasceu  um hospital  e foi abençoado para ser mensageiro  da  esperança e  da busca da   saúde  e  da  preservação  da vida!...
    Beirando o ano 1990, a Paróquia de Liberdade decidiu agrupar seus fiéis por região para melhor atendimento pastoral e mais vivência da fraternidade que os evangelhos ensinam.  Os moradores dali  escolheram para ser seu padroeiro o valoroso e humilde “SÃO BENEDITO”, representado em imagens de cozinheiro do qual  a tradição guarda muitas narrativas de  fatos miraculosos acontecidos quando o frade Benedito cuidava da cozinha, no convento.
    Embora não tenham capela própria para a prática de suas atividades religiosas, os moradores se consideram unidos às outras comunidades para, juntas, formarem a paróquia,  a Igreja viva na terra.  Comparecem aos atos litúrgicos que acontecem no Santuário ou em outras comunidades  mas não abandonam o cuidado  com as atividades que cabem à comunidade/área missionária “São Benedito”.  Celebram a Palavra  e a Eucaristia em suas casas;  fazem novena de Natal em família e têm gosto de promover no bairro  a “Caminhada Penitencial” da quaresma, percorrendo com  o Sacerdote  as estações da “Via Sacra” nas 14 casas escolhidas pelos próprios moradores. Todos tem consciência de que seus componentes são poucos; mas sabem de cor a observação bíblica traduzida para linguagem de hoje: onde duas ou três pessoas estiverem reunidas em oração, Jesus está junto!... Sabem, também, que quando Ele é o pastor, nada falta ao povo fiel!! E mais: é de Deus-Pai o reino, o poder e a glória, para sempre!

Texto: José Cunha de Campos