PATRIMÔNIO

23/10/2015 12:00

    Vasta região conhecida há mais de 100 anos como “Patrimônio” e habitada, ainda hoje, por pessoas religiosas, teve parte de suas terras cortadas e até mesmo propriedades demolidas para abertura  da rodovia  BR-267 (trecho  Caxambu a Juiz de Fora) cuja conclusão aconteceu em 1976. Seus habitantes  tinham dificuldade para se deslocar  até à cidade de Liberdade devido à distância e precariedade  de caminhos. Além disso, não acontecia  atendimento pastoral. Vez ou outra algum  fazendeiro  convidava o padre da paróquia  para “celebrar uma missa” em sua residência  aproveitando-se  esse  sagrado momento  para se   dar  “primeira comunhão”  às  crianças catequizadas “em casa”. Era costume, depois  de viajar  horas   a cavalo, o sacerdote   chegar  de véspera e  pernoitar na sede das fazendas (algumas não existem mais) até mesmo para atender confissões. No dia seguinte,  o  alpendre    ou varanda  se transformava em altar  e o povo  contrito e piedoso   rezava no seu modo simples!  Em velhas fotografias, é possível se ver pessoas  com  joelho em terra;   homens  descalços,  porém com  paletó e  chapéu  na mão. Era a maneira   respeitosa  de  “ir à missa”;  gente boa que  não  entendia  a linguagem do  latim mas orava  com  alma e confiança.
    Durante longo tempo, “Fazenda Patrimônio” foi sede de escola primária na qual havia catequese para os alunos. Mas o povo sentia necessidade de ter um lugar apropriado para oração e celebrações com participação de moradores dali e da vizinhança. Foi assim que piedosa senhora, dona da fazenda, pediu aos filhos que construíssem  uma capela em louvor ao mártir São Sebastião. Faleceu em 1986, mas a família cumpriu seu desejo: com festas, leilões, doações e apoio de pessoas dos municípios de Liberdade, Arantina, Bom Jardim e outros fizeram a sonhada capela. Ficou pronta dois anos depois, sendo abençoada e entregue à Paróquia. Estava, assim, organizada a “Comunidade Patrimônio” que se juntou às outras comunidades que formam a numerosa “Família Bom Jesus”
    O ensino religioso ministrado na escola passou a ser feito na capela. Até casamento ali já se celebrou. Dedicados leigos da comunidade não se descuidam da animação pastoral, das rezas populares e de projetos do ano litúrgico. Reúnem-se mensalmente para celebrar a Palavra ou participar da Santa Missa. Em fevereiro, a Comunidade acolhe cavalgadas e visitantes para sua  animada  festa  anual em louvor a São Sebastião; não falta leilão, música e alegria  da  convivência com   tantas  pessoas vindas de outros lugares.