Peregrinação dos Jovens à JMJ na Polônia (Primeira Parte)

07/08/2016 21:16

Estou na Polônia com 60 peregrinos da Arquidiocese de Juiz de Fora, participando da Jornada Mundial da Juventude, presidida pelo Papa Francisco. Antes de chegar a Cracóvia, passamos por vários santuários europeus, realizando a preparação espiritual próxima, já que o grupo vinha fazendo a preparação remota há vários meses, incluindo muito trabalho e sacrifício para conseguir o numerário necessário para a viagem. Visitamos, em Paris, o Santuário da Medalha Milagrosa, na rue du Bac, onde pudemos celebrar a primeira missa (concelebrada em língua francesa), recordando a vida das santas Luiza de Marilac e Santa Catarina de Laboreux, discípulas de São Vicente de Paulo, a primeira no século XVII e a segunda, no século XIX. São Vicente de Paulo é conhecido na Igreja como Pai dos Pobres, pela sua dedicação total e heroica à causa dos mais sofredores. Fomos também à Igreja onde se encontra seu corpo exposto numa urna de cristal, na rue de Sèvres. Sua memória e sua santidade são tão presentes na vida dos europeus ainda hoje, de forma tão forte, que na cerimônia de acolhida do Papa na JMJ, celebrada quinta-feira, o santo escolhido para representar a misericórdia no continente europeu foi justamente sua pessoa.

Num tour pela cidade da luz, avistamos também a Catedral de Notre Dame, um exemplo eloquente não só da alta religiosidade do povo na idade média, mas também da arte, na extraordinária arquitetura daquela época da história. Diante da magnífica Catedral, fizemos nossa devoção mariana, sem descer do ônibus, manifestando nossa gratidão a Deus de nos ter dado, em Maria, o exemplo de fidelidade incondicional a Deus e de ter confiado como nossa Mãe espiritual, intercessora no céu por todos os que peregrinam na terra.

Uma guia local nos acompanhou pela cidade, contribuindo sensivelmente para o aumento cultural do grupo, visitando a Torre Eiffel e vários outros lugares relacionados à história e à cultura.

No dia seguinte, celebramos a segunda missa, na Paróquia de São João Batista, quando pudemos meditar sobre a missão do precursor que é, em certo sentido, a missão de cada um nesta peregrinação, pois aqui estamos para, mais uma vez, realizar um encontro pessoal com Cristo a quem desejamos, ao retorno continuar anunciando, ainda com mais vontade, anunciando.

Da França entramos em território alemão, onde paramos na cidade de Heidelberg, um dos poucos lugares não atingidos pelas bombas na segunda guerra mundial. Originada de uma antiga povoação celta, na idade média se tornou sede de um dos principados do Império Romano Germânico, governado por um Príncipe Eleitor. Sede de uma das primeiras universidades da história, é conhecida hoje como importante centro acadêmico da Alemanha. Como sabemos, as universidades foram fundadas pela Igreja, ao lado dos mosteiros, ou Igrejas Colegiadas ou ainda Paróquias. Esta foi uma das maiores contribuições da Igreja Católica para com a humanidade.

Na ocasião do surgimento do protestantismo, Heidelberg recebeu a vista de Lutero que se rebelou contra a Igreja, afixando ali também suas 95 teses contra a fé católica. Hoje, a cidade tem 40 por cento da população que professa o protestantismo antigo, 30 por cento de católicos e 30 por cento de pessoas que não declaram sua religião ou que se confessam sem nenhuma religião. Percebe-se, contudo que, entre católicos e protestantes há hoje em dia certa aproximação ecumênica.

Belo momento foi quando nossos jovens tomaram a iniciativa de fazer uma roda, com as mãos dadas, ao redor de uma das várias imagens de Nossa Senhora que se encontram espalhadas nas praças e esquinas daquela cidade. Rezamos juntos o Pai Nosso, a Ave-Maria, o Glória e cantamos a Salve Regina, em latim, e logo muitas pessoas do lugar e turistas se aproximaram e participaram da oração. No ônibus, rezamos a Liturgia das Horas e o Terço, como tem acontecido todos os dias, e seguimos em viagem com o coração cheio de alegria e ansiosos para encontrar o Papa Francisco e jovens do mundo inteiro na extraordinária experiência de celebrar os mistérios de Cristo na JMJ.

No próximo artigo, continuaremos os relatos dessa abençoada viagem rumo a Cracóvia.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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